Notícias | 29 novembro, 2024
Navegação começa a ser restabelecida em Manaus após estiagem recorde
Chegada de navios ao Porto Chibatão marca retomada das operações e início da recuperação econômica no Amazonas. Abani espera navegação plena em 15 dias. Abac recomenda cautela no planejamento nesse primeiro momento
Após mais de 70 dias de paralisação devido à maior estiagem da história do Amazonas, a navegação em Manaus (AM) começa a ser retomada. O Porto Chibatão recebeu na última terça-feira (26) o navio Mercosul Suape, da Mercosul Line, e, na quarta-feira (27) o Jacarandá, da Log-In. Juntas, as embarcações movimentarão 2.080 contêineres com insumos cruciais para abastecer o comércio e as indústrias do polo industrial de Manaus.
“A chegada dos primeiros navios ao Porto Chibatão após a maior estiagem da história é um marco não apenas para a logística da região, mas para todo o Amazonas. Essa retomada simboliza a resiliência e o compromisso de nosso grupo em garantir o abastecimento, mesmo diante de adversidades extremas. Agora, com as operações restabelecidas, estamos prontos para fortalecer ainda mais a economia local e regional, reafirmando a importância estratégica de nosso trabalho para a Zona Franca e comércio,” afirmou Jhony Fidelis, diretor-executivo do grupo Chibatão.
Durante o período crítico, Chibatão instalou um píer flutuante provisório em Itacoatiara, para evitar um colapso logístico. Em dois meses, a estrutura recebeu 31 navios e movimentou 34 mil contêineres. “O píer flutuante foi uma solução emergencial que se mostrou crucial para evitar o colapso econômico durante a crise hídrica. Ele permitiu que, mesmo nos piores momentos da estiagem, o Amazonas continuasse importando e exportando em níveis históricos. Graças a essa estrutura, ao empenho de nossa equipe e aos órgãos envolvidos, asseguramos o abastecimento de Manaus e mantivemos a economia local aquecida,” destacou Fidelis.
Segundo Luís Fernando Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), as operações ainda enfrentam desafios, mesmo com a retomada. “A dragagem em andamento pode ter contribuído, mas como não houve a sondagem, os possíveis ganhos não foram integralizados. As operações ainda requerem um cuidadoso planejamento, uma vez que ainda não podemos carregar os navios na sua plena capacidade, e algumas operações ainda exigem o uso do píer provisório para alívio da carga,” disse.
Resano ressaltou a necessidade de ações estruturais para prevenir crises futuras e disse que píeres provisórios foram fundamentais para mitigar o impacto para a região, mas não são solução. De acordo com o diretor da Abac, houve insistência numa dragagem planejada no tempo e momento adequados, com batimetria permanente. A avaliação é que, no início, dará vazão às cargas que possam ter ficado retidas. Mas, na sequência, será a continuidade das operações com os navios à plena carga.
De acordo com Dodó Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Navegação Interior (Abani), o cenário deve se normalizar completamente em até 15 dias. “O calado autorizado para passar nas duas restrições que se tem, que são a foz do Madeira e a Costa do Tabocal, está em torno de 7 metros e meio. Os navios que estão passando já estão operando com esse calado. Mais uns 15 dias, acredito, e teremos a navegação plena com calado máximo,” disse à reportagem.
As empresas de cabotagem e transporte de grãos foram severamente impactadas, mas a recuperação já é evidente. “A navegação interior de balsas está praticamente plena, e a navegação marítima também começou a se restabelecer esta semana. Daqui para frente, o fluxo só tende a melhorar,” concluiu Carvalho.
Fonte: Revista Portos e Navios