Notícias | 20 fevereiro, 2025

Em bom ano, empresas de rebocagem superam desafios da complexidade das operações, descarbonização e clima

O apoio portuário vivenciou mais um ano de expansão das frotas das principais empresas e com tecnologias que buscam aliar eficiência, segurança e confiabilidade à redução de emissões. O segmento segue a preencher a carteira de construção de estaleiros nacionais, levando encomendas à indústria naval, com demandas para atendimento de grandes embarcações que transportam desde cargas do agronegócio e minérios a gás natural liquefeito (GNL). As operações especiais também são cada vez mais frequentes, sobretudo para o setor de petróleo e gás que está aquecido nos últimos anos. A descarbonização, por sua vez, trouxe metas ambiciosas para o setor de navegação, que demanda embarcações mais sustentáveis, num cenário climático cada vez mais imprevisível.

A divisão de rebocadores da Wilson Sons registrou novamente crescimento em 2024. Foram realizadas 58.966 manobras portuárias de janeiro a dezembro, um aumento de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023. As manobras aumentaram impulsionadas pelos volumes crescentes nos portos brasileiros e por uma alocação considerada adequada dos rebocadores da operadora logística ao longo da costa, permitindo o máximo uso das embarcações.

Na avaliação da Wilson Sons, o fluxo de exportação, principalmente com destino aos países asiáticos, foi o grande impulsionador deste crescimento. Destaque para a movimentação de cargas como minério de ferro, soja e açúcar. Além disso, a Wilson Sons se beneficiou do aumento dos volumes de cabotagem. “Foi um bom ano [2024], com números positivos em toda a nossa operação, o que permitiu mantermos a nossa posição de liderança no mercado brasileiro de apoio portuário”, afirma o diretor-executivo de rebocadores da Wilson Sons, Márcio Castro.

O presidente da Svitzer no Brasil, Daniel Cohen, destaca que 2024 foi marcado pela forte performance em todos os portos nos quais a empresa opera no país, com registro de aumento nas escalas portuárias em vários desses atracadouros, impulsionado pela exportação de grãos e importação de fertilizantes. A Svitzer já investiu mais de R$ 650 milhões nos últimos anos no país.

A estratégia da Svitzer para o mercado brasileiro busca fortalecer a cobertura e fornecer serviços seguros e confiáveis. “Com a adição de seis novos rebocadores à nossa frota nos últimos meses e início das operações no Porto do Itaqui (MA), continuamos fortalecendo nossa capacidade de fornecer suporte de alta qualidade aos operadores de navios globais e locais no ecossistema logístico brasileiro”, diz Cohen.

A Svitzer expandiu sua frota com quatro novos rebocadores em 2023 e mais dois em 2024 — Svitzer Rocha Pedro e Svitzer Babitonga, construídos pelo Estaleiro Rio Maguari (PA). As unidades, segundo Cohen, são estratégicas para apoiar a atracação segura de navios de GNL em terminais no Brasil. Ambas são equipados com o sistema de combate a incêndios (FiFi-1).

Cohen relata que, como em 2023, o ano de 2024 foi positivo para a Svitzer Brasil, que registrou um aumento nas escalas portuárias em várias operações. Foi o nono ano de atuação no país, marcado pela entrada no nono porto: Itaqui, que serve de destino logístico para grande parte da produção do corredor Centro-Norte e Brasil Central. O complexo portuário se destaca na armazenagem de grãos e combustíveis e conta com profundidades de berços que permitem atracação de grandes embarcações e conexões logísticas multimodais.

Com o início das atividades nos portos maranhenses, a Svitzer pretende manter o crescimento estável atuando nos portos de Itaqui (MA), Pecém e Fortaleza/Mucuripe (CE), Suape (PE), Salvador e Aratu (BA), Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá e Antonina (PR), São Francisco do Sul e Itapoá (SC) e Rio Grande (RS). Cohen salienta que a presença no mercado brasileiro é ampliada de forma progressiva, com base na necessidade dos clientes, que também orientam a tomada de decisões quanto aos investimentos em novos equipamentos e treinamentos.

A Sulnorte avalia que em 2024 ocorreu um forte impacto com a crise climática que se instaurou no Rio Grande do Sul, em especial em Porto Alegre. “Foi um momento de grande apreensão, mas também uma oportunidade em que se viu que somos capazes de nos ajudar, unir e enfrentarmos grandes desafios”, comentou o diretor comercial da Sulnorte, Arthur Souto. Ele pondera que, no Norte e no Nordeste, houve crescimento do volume de operações da Sulnorte, devido à maturação de recentes operações da empresa naquelas regiões.

Os rebocadores da Sulnorte atenderam principalmente navios que transportam grãos, fertilizantes, petróleo e seus derivados, além de celulose e cargas de projeto. “Entendemos que o apoio portuário continua uma atividade cada vez mais fundamental. Apoiamos trocas de mercadorias entre países, o que tende a ser algo vital em qualquer que seja o cenário que se avizinha”, enfatiza Souto.

Para a Sulnorte, um dos maiores desafios está na consolidação de grandes players do mercado, não apenas de apoio portuário, mas também de traders de commodities, devido ao fato de a empresa atender ao mercado de comércio exterior. “Essas grandes consolidações acabam trazendo alterações em dinâmicas relacionadas ao poder de barganha que um grande conglomerado passa a ter. Lembrando que o volume total não se altera, visto que esse grande volume veio de fusões ou aquisições de empresas já vivas no mercado”, analisa Souto.

A Saam Towage Brasil fechou o ano de 2024 com crescimento da ordem de 11%, considerando o aumento da frota e expansão para os portos de São Francisco do Sul e Rio de Janeiro. Após a aquisição da frota de rebocadores da Starnav em maio de 2023, a Saam operou todo o ano de 2024 com sua frota completa, consolidando sua posição de uma das empresas líderes de mercado em apoio portuário.

A Saam possui 63 rebocadores próprios e, adicionalmente, opera quatro rebocadores afretados a casco nu. A frota da empresa é considerada potente, com bollard pull médio de 67,5 toneladas. “A Saam possui, atualmente, uma das frotas mais jovens e potentes do mercado. Manter nossa frota moderna e atualizada é parte de nosso objetivo de gestão e, por isso, temos um plano permanente de renovação de frota”, afirma a gerente da Saam Towage Brasil, Renata Ervilha.

Renata destaca que a empresa opera para os mais diversificados clientes e cargas, e todos com parcela importante do mercado nacional e internacional, como contêineres, minério, carga líquida, produtos agrícolas, entre outros. Nos últimos meses, a Saam participou de operações de desencalhe de navios e suporte a plataformas de petróleo.

A Camorim foi outra empresa a reportar um 2024 marcado por resultados positivos. A frota portuária registrou um aumento significativo na operacionalidade em diversas regiões do país, em especial no complexo portuário de Sepetiba (RJ), que teve sua movimentação intensificada no segundo semestre graças a um novo contrato firmado com o terminal da CSN. Além disso, a empresa de navegação informa que renovou o contrato com seu maior cliente em nível nacional, o que contribuiu diretamente para o fortalecimento das operações em suas filiais. A Camorim não detalhou com qual empresa o termo foi firmado.

“O desempenho de 2024 superou as expectativas em várias filiais, com Santos e Sepetiba sendo destaques absolutos. Ambas bateram recordes históricos de manobras realizadas, refletindo um crescimento sólido em comparação aos anos anteriores. Em termos gerais, a operação em nossas demais filiais manteve um ritmo consistente, alinhado às projeções”, celebra o diretor comercial da Camorim, Eduardo Adami.

O longo curso continua sendo a principal linha de atuação da Camorim no apoio portuário em nível nacional. Ao longo de 2024, a empresa atendeu um volume expressivo de navios de contêineres, além de operações relacionadas à exportação de minérios nos portos do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Luís (MA). A exportação de grãos nos portos de Santos e Paranaguá também contribuiu significativamente para os resultados do ano.

A Wilson Sons vê o apoio portuário continuando com boas perspectivas, com o aumento de volume de atracações e desatracações em portos já consolidados. Principalmente no que se refere ao setor do agronegócio, com boas perspectivas referentes ao crescimento das exportações de grãos. A avaliação é que a produção de petróleo, com previsão de crescimento nos próximos anos, vai contribuir positivamente para os resultados do setor, assim como com a adição de novos volumes decorrentes de operações ship-to-ship em terminais de GNL.

Além disso, navios maiores demandam rebocadores mais potentes e em maior quantidade, o que favorece um crescimento da indústria. O diretor-executivo da divisão de rebocadores da Wilson Sons destaca que essas embarcações desempenham um papel crucial na segurança das operações de assistência a navios, e essa relevância tem se intensificado com o aumento do porte dos navios que operam no Brasil.

Após um longo estudo de autoridades marítimas e portuárias, com apoio da praticagem e de empresas de rebocadores, os navios da classe New Panamax passaram a escalar os portos brasileiros. Ao longo do ano de 2024, os rebocadores da Wilson Sons apoiaram atracações e desatracações nos portos de Pecém (CE), Suape (PE), Salvador (BA), Itaguaí (RJ), Santos (SP) e Paranaguá (PR). “Em todas essas localidades, a qualidade da frota e o treinamento das nossas tripulações foram fundamentais para que esses navios, que trazem grande eficiência para a comunidade marítima e portuária, pudessem entrar e sair com segurança”, salienta Castro.

Na visão da Camorim, o apoio portuário no Brasil apresenta perspectivas promissoras para os próximos anos. “A retomada de atividades em portos estratégicos, como o Porto de Ubu (ES), e o aumento na demanda por operações ship-to-ship indicam um crescimento contínuo no setor. Além disso, o volume crescente de navios de gás no Porto do Açu (RJ) e as operações de exportação de minérios e grãos em ‘portos-chave’ consolidam um cenário de oportunidades para a Camorim”, analisa Adami.

Um dos destaques para a Camorim, no último ano, foi a operação de apoio ao porta-aviões USS George Washington, da marinha norte-americana, durante sua entrada e fundeio na Baía de Guanabara. Com 333 metros de comprimento e quase 100 mil toneladas, essa manobra exigiu o suporte de quatro rebocadores para garantir segurança e precisão no percurso. Por ser especializada em operações especiais, a Camorim também realiza com frequência manobras com FPSOs e plataformas.

Adami acrescenta que, sempre que solicitada, a empresa atua em manobras com navios de grande porte, como os da classe New Panamax, graças à frota atual que atende aos requisitos técnicos para realizar serviços deste porte com segurança e eficiência. Ele lembra que a Camorim participou ativamente de simulações na Universidade de São Paulo (USP) para o processo de estruturação da nova composição de rebocadores em manobras de navios de maior porte.

A Svitzer vê o mercado brasileiro em expansão e diversas oportunidades para o setor de apoio portuário no Brasil. Cohen diz que as operações de apoio para o agronegócio em geral representam uma crescente para o segmento. Ele explica que as características dos rebocadores recentemente incorporados são adequadas para operar com segurança e eficiência em manobras de atracação e desatracação de navios de grande porte, incluindo os terminais de GNL.

Recentemente, a Svitzer iniciou operações com clientes de terminais GNL nos portos de São Francisco do Sul e Santos. Quando navios GNL chegam ao terminal para descarregar grandes volumes de gás natural liquefeito, serviços de rebocadores seguros, eficientes e confiáveis são essenciais. Cohen credita à experiência global e equipes treinadas as operações seguras, que atendem às demandas específicas de cada operação.

Castro destaca o crescimento tanto em operações regulares de atracação e desatracação de navios como nas especiais, nas quais a frota de rebocadores da Wilson Sons esteve distribuída ao longo da costa e com prontidão destacada para atendimento em operações emergenciais e de grande complexidade. Em 2024, a empresa participou de diversas operações de reboque oceânico, entre as quais o reboque de uma sonda entre Rio de Janeiro e Rio Grande (RS).

A Wilson Sons apoiou o reboque da embarcação até Rio Grande e em seu retorno ao Rio de Janeiro, fazendo uso de três de seus rebocadores mais potentes. Castro relata que o aumento da demanda por GNL e a conquista de novos clientes neste segmento contribuíram para o aumento da forte atuação em operações especiais. Para este tipo de operação, as tripulações são treinadas para atuarem em atividades complexas de reboques oceânicos, movimentação de plataformas e FPSOs, combate a incêndio e apoio à salvatagem. “Para atender os clientes no menor tempo possível com segurança, a companhia possui uma alocação estratégica também de embarcações de salvatagem, sempre prontas para serem acionadas e entrarem em operação com celeridade”, afirma Castro.

A Wilson Sons possui, atualmente, uma frota de 81 rebocadores, sendo apenas cinco afretados. “Esta capacidade robusta reflete nosso compromisso em atender às necessidades diversificadas do setor marítimo, garantindo segurança, eficiência e confiabilidade em nossas operações”, ressalta Castro. Em 2024, o estaleiro do grupo entregou dois novos rebocadores, com 90 toneladas de tração estática (bollard pull), concluindo uma série de seis rebocadores desta classe.

A Wilson Sons vai construir, neste ano e no próximo, uma nova série de três rebocadores com tecnologia sustentável e grande potência, em seu estaleiro no Guarujá (SP). O objetivo é a renovação e modernização da frota, que atua ao longo da costa brasileira. As três embarcações são da classe ASD 2312 (23 metros de comprimento e 12 metros de largura), com propulsão azimutal e potência de 70 toneladas de bollard pull (BP), capazes de atender os requisitos dos principais portos brasileiros.

Em 2024, a Sulnorte recebeu o rebocador SN Cariri, de 63 toneladas de BP. A embarcação, projeto Rampart 2300, tem dois motores Caterpillar de 2.200 HP, com propulsores azimutais Kongsberg. A atual frota da empresa tem 23 rebocadores, sendo 20 próprios. A previsão é que a Sulnorte receba, em maio e em agosto, dois rebocadores de mais de 70 ton. de BP. “Para 2025, outros dois rebocadores serão adicionados à nossa frota e ainda teremos mais novidades”, adianta Souto.

A Camorim encerrou 2024 com 143 embarcações, sendo 117 unidades próprias — não somente rebocadores. Adami destaca que, no último ano, a frota da empresa incorporou três novos tipos de embarcações: OSRV (combate ao derramamento de óleo), MPSV (multipropósito) e cábrea (balsa-guindaste). A Camorim já contava com uma frota completa e diversificada com rebocadores, balsas, lanchas, LHs (manuseio de linhas e amarrações), PSVs (transporte de suprimentos) e AHTS (manuseio de âncoras). O diretor diz que o aumento da demanda permitiu os investimentos de forma substancial na frota.

“Em 2024, iniciamos um ambicioso projeto de construção de cinco novos rebocadores azimutais, com um investimento superior a R$ 200 milhões. O primeiro deles, o C-Fênix, já foi entregue, e a previsão é que os outros quatro sejam finalizados até o primeiro semestre de 2025”, destaca Adami. No total, a Camorim incorporou 17 novas embarcações à frota ao longo do ano. Para 2025, também estão previstas as entregas de mais quatro rebocadores e um PSV.

A Camorim considera como um dos principais desafios acompanhar a modernização constante do setor, já que navios cada vez maiores demandam embarcações mais potentes e tecnologicamente avançadas, exigindo investimentos contínuos na renovação e ampliação da frota. Adami explica que esse desafio é intensificado pelo fato de a empresa ser 100% brasileira, operando em uma realidade distinta de grandes multinacionais que têm acesso facilitado a capital estrangeiro e recursos financeiros robustos. “Embora seja desafiador, considero como uma oportunidade de reafirmar nossa experiência, competência e preparação. Há 30 anos, mantemos nossa frota moderna, atualizada e alinhada às demandas mais exigentes do mercado”, afirma o diretor.

A Svitzer conta com uma frota de 22 rebocadores, todos azimutais, nos nove portos onde atua no Brasil. Além dos dois rebocadores recebidos em 2024, que completaram a série de seis rebocadores encomendados em julho do ano passado, a operadora assinou outro contrato com o Estaleiro Rio Maguari para a construção de mais três rebocadores, a fim de atender clientes novos e existentes.

Os três rebocadores atualmente em construção fazem parte da série 2300 Rampart e possuem velocidade máxima de 13 nós, comprimento total de 23,2 metros e tração estática (bollard pull) de 70 toneladas. As embarcações serão equipadas com capacidade de combate a incêndio Fifi-1. “Esses recursos avançados aumentarão a capacidade da Svitzer de dar suporte à crescente demanda dos portos em que atuamos”, afirma Cohen.

A empresa destaca que a construção dos rebocadores no Brasil contribui com o fortalecimento da indústria naval brasileira, gerando empregos e promovendo o desenvolvimento econômico. Cohen cita que os rebocadores construídos pelo Estaleiro Rio Maguari atendem às demandas de clientes de norte a sul do país, nos nove portos nos quais a empresa está presente. “Recentemente, assinamos um contrato para a construção de mais três rebocadores com o mesmo estaleiro, reforçando nosso compromisso de longo prazo com a indústria e a geração de empregos no Brasil”, avalia Cohen.

Outro compromisso, segundo Cohen, é a visão de serviços marítimos sustentáveis. Ele diz que a Svitzer tem metas globais ambiciosas de descarbonização e que está no caminho certo para reduzir a intensidade de CO2 de sua frota global em 50% até 2030. A expectativa da empresa é alcançar as operações globais neutras em carbono até 2040.

A empresa adotou estratégias para redução do consumo de combustível, eficiência da frota e compromisso com a formação e educação dos colaboradores e alcançou redução de 23% nas emissões globais da frota, em 2023, em comparação com 2020. “Nossas tripulações brasileiras são altamente eficientes em relação ao uso de combustíveis, alcançando a impressionante média de 95% de eficiência de consumo de combustível, superando nossa meta global de 90%, estabelecida para 2026”, afirma Cohen.

Ele conta que a Svitzer, em parceria com a Robert Allan Ltd., está desenvolvendo o primeiro rebocador movido por uma combinação de energia por bateria e combustível de metanol. O rebocador será baseado no design ‘TRAnsverse’, da Svitzer, e contará com uma bateria de 6 MWh apoiada por motores de metanol para backup e extensão de alcance. Além disso, oferecerá manobrabilidade, capacidade de operar em diversas condições marítimas e eficiência de consumo de combustível.

O primeiro rebocador baseado na nova série ‘TRAnsverse’, o Svitzer Taurus, foi entregue e está atualmente em operação na Holanda. Já o rebocador movido por bateria elétrica e metanol está previsto para entrar em operação no segundo semestre de 2025, no Porto de Gotemburgo, na Suécia, onde o metanol foi escolhido como combustível alternativo de baixa emissão de carbono. “Nosso intuito é contribuir para a agenda verde do Brasil, explorando combustíveis alternativos com nossos parceiros e clientes, ressaltando a importância da integração para reduzir a pegada de carbono. Estamos conversando com diversos possíveis parceiros nesta área”, reforça Cohen.

As novas embarcações da Wilson Sons seguem o padrão IMO TIER III, da Organização Marítima Internacional, que atesta a redução de até 70% dos óxidos de nitrogênio, semelhantes aos seis rebocadores do ciclo de construção anterior, do modelo 2513 (de 90 toneladas). O projeto de casco, da Damen Shipyards, permite com suas duplas quilhas (twin fins) diminuir as emissões de gases de efeito estufa, com redução estimada de até 14% no consumo de combustíveis fósseis, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar dos portos onde operam. Os novos rebocadores terão sistema de combate a incêndio com capacidade de 2.400 litros/hr (FiFi I). As entregas dos novos rebocadores estão previstas para novembro de 2025, março e junho de 2026.

Castro vê a descarbonização da operação como um dos principais desafios da indústria como um todo. Ele diz que a Wilson Sons têm trabalhado bastante e estudado todas as opções para a redução de emissões, estabelecendo as ações prioritárias para obtenção de resultados já no curto prazo. A principal delas vem sendo o uso de energia de terra, para alimentar os sistemas da embarcação, deixando de queimar óleo diesel para alimentar os geradores. Esta iniciativa permite uma redução entre 15% e 60% de todo o consumo de combustível de um rebocador, dependendo da ociosidade da embarcação.

“Em 2024, tivemos um avanço significativo, conseguindo alcançar 60% do tempo em que nossos rebocadores encontravam-se em stand-by, plugados em energia de terra, um avanço de 50% frente a 2023”, destaca. Castro entende que há um grande potencial a destravar e, para isso, o engajamento de autoridades portuárias e terminais privados é fundamental, para instalações com tecnologia simples para o fornecimento de energia do grid.

Paralelamente, a Wilson Sons vem estudando e deve iniciar, no início deste ano, os testes com misturas de biodiesel e outros combustíveis alternativos, considerados drop-in, que não exigem qualquer mudança nos motores, permitindo que os ativos se mantenham operacionais ao longo de sua vida útil, com redução expressiva de suas emissões. “Avançamos também na nossa agenda ESG, na descarbonização da nossa operação, alcançando o nível de classe mundial em segurança”, frisa Castro.

A gerente da Saam Towage Brasil ressalta que a empresa tem expertise em operações especiais, com tripulantes treinados e preparados, e rebocadores dotados de guinchos de popa, prontos para atuar em qualquer emergência e necessidades diversas. A empresa participou de diversas simulações em 2024, envolvendo portos como Vitória (ES), Suape e Pecém, a fim de contribuir com a experiência dos comandantes e com melhor entendimento dos fatores críticos envolvidos nestas operações.

Nos últimos dois anos, a Saam vem trabalhando junto à consultoria externa Dekra/OST para o fortalecimento da cultura de segurança. Segundo Renata, esse é um valor prioritário e inegociável na empresa. A sustentabilidade também tem sido um dos principais focos de trabalho da companhia. Em 2024, pelo segundo ano consecutivo e de forma voluntária, a Saam obteve o certificado de neutralidade de emissões, com a compra de créditos de carbono, compensando 100% das emissões. “Esta certificação está alinhada com a nova estratégia de sustentabilidade do grupo Saam, que tem entre os seus objetivos até 2030 neutralizar 65% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) através de iniciativas de redução e compensação”, explica Renata.

Em dezembro de 2024, após um rígido processo de auditoria externa, a empresa recebeu recomendação da Lloyds Register para certificação na ISO 14.001, atestando que a Saam tem adotado práticas eficazes para reduzir os impactos ambientais, para melhor uso de recursos e promoção da conscientização ambiental em todas as operações. A Saam já possui duas embarcações 100% elétricas em operação no Canadá e, neste ano, terá mais um rebocador elétrico em operação no Chile.

Para a Saam, o mercado de apoio portuário acompanha os investimentos em portos, novas concessões à iniciativa privada e investimentos em ampliação de terminais. “A frota da Saam é bastante moderna e está pronta para atender às diversas demandas dos clientes e portos brasileiros, que têm passado por investimentos constantes de dragagem, gerando a necessidade de rebocadores cada vez mais potentes para atendimento com segurança a navios de grande porte”, destaca Renata.

Durante a crise climática no Rio Grande do Sul, a Sulnorte atendeu a estaleiros da região, embarcações mercantes e da Marinha do Brasil, barcaças e uma série de atores relacionados à logística da região que necessitavam de apoio. A orientação, segundo Souto, foi o auxílio e a retomada, na medida do possível, da realidade das operações. Ele relata que, no ‘pós-crise’, a região se mostrou bastante assoreada e com navegabilidade dificultada. “Nesse momento, prestamos apoio para que as embarcações consigam atravessar trechos mais problemáticos e até retirá-las de locais onde, porventura, encalhem em novos bancos de areia formados após a enchente causada pelas fortes chuvas”, afirma Souto.

A Manobrasso também está com boas perspectivas para 2025, com o posicionamento estratégico de suas cábreas ao longo da costa brasileira. “Tivemos um ano satisfatório, com viés de crescimento, em nossas atividades de içamento marítimo”, conta o diretor comercial da empresa, Ronaldo Noronha. As embarcações atualmente estão distribuídas em atuação em Rio Grande (RS), Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Salvador (BA), Maranhão (MA) e Belém (PA).

Recentemente, a Manobrasso reforçou a frota com a aquisição da cábrea Amapá, em Vitória (ES). Noronha acrescenta que a empresa vem buscando diversificar atuação nas áreas de petróleo e gás, agronegócio e infraestrutura, entre outras, ao longo da costa brasileira, com parcerias para agregar valor às operações.

 

Fonte: Revista Portos e Navios